Elísio permanecia quieto, deixando que a brisa lhe farfalhasse os longos cabelos morenos enquanto a galé cruzava a foz do Rio Galeion, além da grande Cedonia.
– Isso não é o fim. – Agnós apoiava-se à amurada, murmurando promessas quietas. Doía em Elísio ouvir aquilo, mas um resquício de honra ainda lhe fazia seguir em frente.
Naquele inferno não havia sol. O céu era corrupto e a luz esmaecida. Homens esforçavam-se para enxergar há gerações, ainda assim a visão daquele povo aparentava finalmente ceder.
– Este sonho. – Elísio aproximou-se de Agnós, envolvendo-a em seus braços. Suspirou. – É meu, não é?
– Você tem de lutar por ele. – sussurrou ela, seus olhos envolvendo-o por completo, piscinas profundas de éter e amor. Nelas mergulhou profundamente, distante de uma luz que lhe errava… Um artefato amorfo de milagre e tragédia, úmido como o crepúsculo marinho – memória.
Os portões de pedra erguiam-se por quilômetros de altura sobre o oceano, onde estátuas gêmeas de anjos trombeteiros assomavam cada porta.
– Chegou a hora. – disse Elísio, sobre o convés, observando atônito a lenta abertura dos portões em resposta à aproximação da galé.
E então cruzaram-nos, partindo em direção ao fim da história humana.