Fina como os juncos do Rio Astige,
Efêmera como as marés do Galeiduar,
A folha do salgueiro meridionalmente foge
Para além da minha terra beira-mar.
O rei dos homens peregrina pel'Oeste
Além da luz fosca onde finda o céu anil.
Um cenário onírico cinge a prole dos celestes
E minhas irmãs deitam sobre o leito do rio.
E os anões trabalham incansáveis,
E as fadas concedem desejos,
E as nereidas seguem correntes intermináveis
Com corações cheios de almejos.
Oh, oh sim.
A promessa vê o milionésimo ano,
Idosa como o povo que nada,
Encoberta numa arcana lona de pano
Que farfalha à brisa salgada.
E tal céu qual luz porta
Ou sua angustiante ausência,
De promessas ocas valeria
Fosse não o mar imagem absorta.
Oh, reis
Oh, deuses
Temam a teimosia da nereida
Porquanto recusem a nadar em nosso mar
Nadaremos em vosso céu para enfim lhe encontrar.
Ah, Atherion!
Ah, Atherion!
Ah, Atherion!
[...]
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Do que vem de conhecimento mais pretérito do que a maioria das civilizações que já existiram:
Atherion, o Verdadeiro, foi um príncipe semi-deus que prometeu à deusa renegada, Ragmuir, uma cidade próspera para o arruinado povo do mar. Em resposta à descrença, Atherion fez sessenta e seis cortes em seus braços com várias lâminas diferentes, como prova de suas palavras. Seu sangue derramou no plano mortal até formar o que hoje conhecemos como Rio Astige, e Ragmuir pulou à sua foz, onde o Astige desaguava no Oceano Galeiduar. Ela sacrificou suas pernas para transmogrificar sangue em água, e deu o rio para o povo do mar. Em agradecimento, os anciões do povo pediram intervenção de Atherion para conceder-lhe fisiologia de um ser do mar, e enfim torná-la inteira novamente. Com o passar dos éons cada um daquele povo tornou-se à imagem de Ragmuir, mas a promessa é mantida segredo de todos os outros povos livres.