Sim, suas hipóteses não estão muito distantes da precisão, mas esta situação é realmente estranha, não é mesmo? Como vocês poderiam encontrar logo neste país, em uma taverna banal e inócua, quaisquer conhecimentos tangíveis sobre Hermitikós? Heh, uma resposta para esta pergunta seria longa, ardilosa e eu sequer estaria disposto a tomar tal iniciativa. Mas este nome... Há coisas neste mundo que possuem propriedades tão além da nossa sensação que certas coisas que normalmente seriam banais ao serem associadas a elas detém poderes que definem o que eu gosto de imaginar que seja a "verdadeira realidade". Este nome é uma delas. Ele tem poderes que o meu ou os seus não têm. Mas, sim... houve um tempo em que ele vivia em um lugar compreensível. Pouco era entendido sobre Ele, além de um interpretável ciclo de "descanso e consciência" parecido com o nosso. Havia... "coisas" que poderiam ser feitas para trazê-lo à consciência, e no efêmero período em que Ele se interessou pela humanidade, acordá-lo era um teste de ardor e criatividade. Uma vez conseguiram com que despertasse recitando um poema sobre a triste Guerra da Árvore, já um outro teve sucesso ao entregar-lhe uma das lâminas com o sangue ainda fresco de Atherion. Hermitikós acordou, nas memórias de outrora, para muitas coisas interessantes: poemas, canções, presentes. Gestos políticos. Gestos que mudaram o curso da humanidade. Gestos que a humanidade não precisou se deparar com. O desafio evocava algo parecido com alegria nos povos livres da época, pois era o que quaisquer propósitos conseguiam surtir.
Cada vez mais as pessoas conseguiam identificar as características de Hermitikós. Ele estava, mesmo que ainda distante, aproximando-se de alguns dos lares os quais chamamos de compreensão. Particularmente, acredito que Hermitikós estava provido de alguma espécie de senso de humor, naquela consciência estranha que ele tinha. Se você conseguisse acordá-lo, ele lhe presentearia com a "Sabedoria". Eu não comentaria sobre o pouco que eu sei do que ela constituía nem se me torturassem da forma mais cruel imaginável. Esta Sabedoria fazia com que as pessoas percebessem coisas sobre o espaco-tempo e sobre a consciência humana que o cérebro humano regular não é capaz de compreender, portanto, os seus cérebros começavam a se alterar e a se desenvolver. Em alguns esse processo se estendeu a todo o corpo. Sim... todas as pessoas que despertaram Hermitikós foram ou Santos canonizados pela Igreja, ou Caídos.
E, claro, isso foi só durante o tempo em que Hermitikós se interessou por nós e foi "interpretado" de diversas formas. As pessoas teorizam que isso findou mais ou menos durante a época em que elas percebiam que não mais conseguiam compreender uma única característica sobre Ele, nem mesmo o seu nome.
Heh...
O bardo tirou o alaúde do estojo e entoou algumas notas.
Pelo sul, norte, pelo Fim e o Começo
Vagou o grande Acólito,
Pouco sabendo porque ter tanto apreço
Por Hermitikós, o propósito.
O princípe do sonho eternizado
Do Caído, em pranto perpétuo,
Trocava o resquício arruinado
Para outro, dele mais perto.
Pelo sul, norte, pelo Fim e o Começo,
Por tudo que Era e que não poderia ser,
Houveram sonhos em que o desejo
Do filho o sangue vertia,
Nos confins de um cosmo inconstante.
Destino, uma ferramenta cruel que servia
A Hermitikós, o cataclisma latente.
De além das estrelas, mensageiro ausente,
Em ódio, mas mais em pena,
Trazia-nos um humilde presente
Foi então que nos perguntamos:
O que, então, é ser um herói?
Resplandeceu, enfim; ainda assim lamentamos,
Pois aquela esperança nunca foi.