Dei a estas águas cristalinas um reflexo – penas e poeira estelar. Canto e nado nelas agora. Não sou capaz de saber se o lago resplandece reflexos do meu coração, mas você, por algum motivo, vê algo mágico em tudo isso.
Mas diga-me então... Toda essa afeição por mim vem do meu pescoço, não é? É longo. Acho que você gosta de ter bastante espaço para beijos. Agradeço-a por eles, aliás.
Luz santificada do final deste túnel, oscilando tão próxima do meu olho, mostre-me quem sou mais uma vez,
Além dos rios que subi e desci.
Ainda assim, você permanece.
Você peregrina por um azul, eu por um outro. Poemas perdem-se na pressão das profundezas do mar e na infinidade negra do além das nuvens. Os céus e os mares unem-se enfim e, ao contrário do que esperava, sem demolirem-se.
Deus cessa sua peregrinação imemorial.
Voz santificada do final desde túnel, oscilando tão próxima do meu coração, diga meu nome mais uma vez.
Aquele que reverberou nas estrelas;
E tais corações que tremeram de significado
Enquanto eu era guiado pelo vento.
– Você...? – disse, tornando o pescoço.
– Ainda assim, permaneço.
– Além do rio que foi nosso por algum tempo o patrono dos santificados céus esteve lá, e para a minha surpresa beijando e acalentando a patroa da terra. Eu poderia ter errado; levada pelo vento. Mas há certas coisas feéricas que hão de ser associadas por corações que emanam uma única luz. Você não concorda?
Claro, a pomba já sabia a resposta. E lá estava a fada, sentada à beira da cabana ribeirinha. A senhora recebeu-os com música.
Sonho torna-se poesia, e a realidade torna-se um verso.