domingo, 6 de setembro de 2020

Autoinssuficiência

O parasita agoniza, desnutrido, 
Almejando o néctar de seu deleite.
Políticas em massa o tem extraído 
Mas ele o torna autoimune, incapaz de digerir o leite.

A ontogênese da quimera se dá no útero
De tijolos, carne, câncer e filosofia.
Espreita a realidade do ser da eugenia,
O berço da imundície... a sexualização do futuro.

Desvelando vergonhas aos que transitarem,
Imagens as quais os vidros brutalmente distorcem.
Louco! Dente por dente! Ódio por ódio!

Será válida a imagem do cérebro azul surrado?
Será real a imagem do ouro sendo enferrujado
Logo àqueles que o tem viciado com tal ópio?

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Descom(pen/pas)sado

Conhecimento é uma pureza vulgar.

Eles são básicos terceiros de simplicidades,
De um sistema autoproclamador de devotos.
E suspiraram, fantasiando maldades, 
Diante de tantos outros afetos ignotos –

No neurônio teses com vício em explicar
Na beleza das coisas pústulas de mentira,
Sintoma do câncer ontologizado.

Pessoas sob ato político de respirar,
Dissolvidas num suco abarrotado de sujeira –
Capricho do verme que as têm aliciado.

Algumas coisas Ele eram.
Dele vieram; a Ele vieram; conviveram.
Algumas? Coisas? Ele? Eram?
Dele? Vieram?
A? Ele? Vieram?
Conviveram?

Os lamuriosos elaboraram clemências,
Quase sugerindo destino;
Ainda, boiando em dissonâncias...
Não havia badalar de sino.
Por isso mesmo tamanha violência
A estudantes necessitou-se o ensino.
Mesmo que o absoluto não sendo absoluto
Tornava o discernimento tão devoluto...


quinta-feira, 18 de junho de 2020

Eu sou a Cebola

Quando dei por mim, notei que conseguia dar por mim. Uma ciência que, assim que a alcançara, fez com que o meu estado pré cognitivo perdesse o sentido para mim. Com certeza posso afirmar que minha consciência, minha "unidade" da parte maior que eu fazia, não era própria à minha posição. Um propósito que exigia um nível de estudo e percepção que eu obviamente não possuía.


Eu era parte da Carne, uma singularidade de existências. Era de se supor de que este ser estava composto de uma consciência totalmente uniforme e evoluída, mas não era o caso, pois se fosse, uma unidade como eu não teria se desprendido. Também dou nota ao fato de, ao que venho percebido por me concentrar nas minhas memórias, minha consciência pouco houvera trabalhado durante toda minha presença na Carne. Por que ela necessitaria de uma mente que não lhe servisse de nada? As partes do todo contribuíam, muito ou pouco, com cada processo da singularidade, de acordo com as aptidões de cada uma. Raciocínio lógico, matemática, processamento de emoções, percepção, atenção, aprendizado. Mas eu permaneci "dormente" durante todo esse tempo.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Hermitikós

Sim, suas hipóteses não estão muito distantes da precisão, mas esta situação é realmente estranha, não é mesmo? Como vocês poderiam encontrar logo neste país, em uma taverna banal e inócua, quaisquer conhecimentos tangíveis sobre Hermitikós? Heh, uma resposta para esta pergunta seria longa, ardilosa e eu sequer estaria disposto a tomar tal iniciativa. Mas este nome... Há coisas neste mundo que possuem propriedades tão além da nossa sensação que certas coisas que normalmente seriam banais ao serem associadas a elas detém poderes que definem o que eu gosto de imaginar que seja a "verdadeira realidade". Este nome é uma delas. Ele tem poderes que o meu ou os seus não têm. Mas, sim... houve um tempo em que ele vivia em um lugar compreensível. Pouco era entendido sobre Ele, além de um interpretável ciclo de "descanso e consciência" parecido com o nosso. Havia... "coisas" que poderiam ser feitas para trazê-lo à consciência, e no efêmero período em que Ele se interessou pela humanidade, acordá-lo era um teste de ardor e criatividade. Uma vez conseguiram com que despertasse recitando um poema sobre a triste Guerra da Árvore, já um outro teve sucesso ao entregar-lhe uma das lâminas com o sangue ainda fresco de Atherion. Hermitikós acordou, nas memórias de outrora, para muitas coisas interessantes: poemas, canções, presentes. Gestos políticos. Gestos que mudaram o curso da humanidade. Gestos que a humanidade não precisou se deparar com. O desafio evocava algo parecido com alegria nos povos livres da época, pois era o que quaisquer propósitos conseguiam surtir. 
Cada vez mais as pessoas conseguiam identificar as características de Hermitikós. Ele estava, mesmo que ainda distante, aproximando-se de alguns dos lares os quais chamamos de compreensão. Particularmente, acredito que Hermitikós estava provido de alguma espécie de senso de humor, naquela consciência estranha que ele tinha. Se você conseguisse acordá-lo, ele lhe presentearia com a "Sabedoria". Eu não comentaria sobre o pouco que eu sei do que ela constituía nem se me torturassem da forma mais cruel imaginável. Esta Sabedoria fazia com que as pessoas percebessem coisas sobre o espaco-tempo e sobre a consciência humana que o cérebro humano regular não é capaz de compreender, portanto, os seus cérebros começavam a se alterar e a se desenvolver. Em alguns esse processo se estendeu a todo o corpo. Sim... todas as pessoas que despertaram Hermitikós foram ou Santos canonizados pela Igreja, ou Caídos.
E, claro, isso foi só durante o tempo em que Hermitikós se interessou por nós e foi "interpretado" de diversas formas. As pessoas teorizam que isso findou mais ou menos durante a época em que elas percebiam que não mais conseguiam compreender uma única característica sobre Ele, nem mesmo o seu nome.
Heh...

O bardo tirou o alaúde do estojo e entoou algumas notas.

Pelo sul, norte, pelo Fim e o Começo
Vagou o grande Acólito,
Pouco sabendo porque ter tanto apreço
Por Hermitikós, o propósito.

O princípe do sonho eternizado
Do Caído, em pranto perpétuo,
Trocava o resquício arruinado
Para outro, dele mais perto.

O bardo cantou, triste.

Pelo sul, norte, pelo Fim e o Começo,
Por tudo que Era e que não poderia ser,
Houveram sonhos em que o desejo
Ao desejo iria fornecer.

Do filho o sangue vertia,
Nos confins de um cosmo inconstante.
Destino, uma ferramenta cruel que servia
A Hermitikós, o cataclisma latente.

De além das estrelas, mensageiro ausente,
Em ódio, mas mais em pena,
Trazia-nos um humilde presente
De sabedoria serena.

Foi então que nos perguntamos:
O que, então, é ser um herói?
Resplandeceu, enfim; ainda assim lamentamos,
Pois aquela esperança nunca foi.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Inficimur

A princípio não estava disposto a compartilhar estas experiências, ciente do quão repulsivas são as coisas que venho a considerar que agora “sei”, mas eventualmente mudei de ideia ao contemplar este zeitgeist atual da humanidade, caracterizado por uma sedutora aceitação e integração das mais diversas formas de pensar, agir e manifestar formas de interpretar o mundo e as pessoas nele presente, suspeitando que os meus relatos possam surtir efeitos sobre estes espíritos mais livres do que um dia foram – de que estes conhecimentos adquiridos-a-ser aticem a quieta e reprimida (porém impetuosa) capacidade dos humanos de conectar todas as coisas que existem, criando a ciência do “cantos específicos obscurecidos os quais você jamais viu ou sequer pensou em vislumbrar”, esta que possa desencadear nos entendimentos que minha cabeça acha que teve.