As ondas vão e as ondas vêm, mas deixam memórias na costa – de ontem, de... Eu não sei quanto tempo faz e provavelmente não seria sábio refletir sobre isso. Evidenciar meu destino digno dos mais arruinados eu líricos.
Vez ou outra, acendo uma vela e canto. Canções para harmonizar os contrastes – as tristes para o que me é trazido e levo para casa, e as felizes para o que eu deixo na costa. Mas não importa o que eu venha a compor ou reproduzir, elas não são ou serão tão poderosas quanto as ondas, trazendo e levando até que nada reste a algum e outrém tudo receba. Então sou deixada à luz da vela, com perguntas a Deus se ao menos o meu brilho interno possa se comparar à ínfima labareda.
E as ondas também sabem cantar. A cada batida de maré ouço uma canção de solidão. Assim interpreto sua cantiga, pois não foram elas as que o trouxeram de volta. E, como todo dia, sou deixada à pergunta: qual será? Qual será a que virá do horizonte; seja dia, seja noite, tormenta ou calmaria, que virá junto dele e cantará comigo sobre o nosso reencontro?
Minha parte da música está completa. Cantem comigo, ondas.
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